A CDU teceu duras críticas, na última sessão da Assembleia Municipal de Braga, às propostas de Opções do Plano e Orçamento para 2015 apresentadas pela maioria PSD/CDS.
Para quem tanto prometeu no passado, acusa a CDU, a coligação de direita deixa muito a desejar agora que assume a governação do município.
A Coligação Juntos por Braga, na opinião da CDU, volta, à semelhança do que já havia feito no ano anterior, a apresentar um orçamento incapaz de resolver os principais problemas do concelho e da sua população, marcado pelo parco investimento público e pelo peso excessivo dos impostos.
Para quem tanto prometeu no passado, acusa a CDU, a coligação de direita deixa muito a desejar agora que assume a governação do município.
A Coligação Juntos por Braga, na opinião da CDU, volta, à semelhança do que já havia feito no ano anterior, a apresentar um orçamento incapaz de resolver os principais problemas do concelho e da sua população, marcado pelo parco investimento público e pelo peso excessivo dos impostos.
Declaração Política
sobre as Opções do Plano e o Orçamento da Câmara Municipal de Braga para 2015
Srª.
Presidente da A.M.
Sr.
Presidente da Câmara Municipal
Srs.
Membros do Executivo Municipal
Srs.
Deputados,
Disse-mo-lo
há um ano, aquando da apreciação e discussão das opções do plano e do orçamento
para 2014 - A montanha pariu um rato - e podemos continuar a dizê-lo
relativamente aos documentos para 2015. Mas, este ano preferimos utilizar o
adágio popular - muita parra e pouca uva!
De
facto a análise dos documentos apresentados pela maioria PSD/CDS no executivo
municipal não passam de um conjunto muito significativo de intenções, algumas
até boas intenções, mas, no essencial, o que vemos e lemos são documentos
pejados de chavões e de jargão que os ditos partidos utilizam para tratar de
temas tão importantes como o desenvolvimento, o crescimento, o interesse
concelhio e nacional, e a vida dos portugueses, no caso concreto dos Bracarenses.
Os
documentos estão eivados de expressões como – empreendedorismo, voluntariado,
sociedade civil, economia criativa, inovação, parcerias, entre outras, mas de
concreto nada.
O ano
passado, o Executivo desculpou-se por ter apresentado um plano e um orçamento
que não eram aqueles que gostariam de ter apresentado, e foi mais longe, disse
que o fez por que não teve tempo para conhecer bem a realidade e a situação
financeira do município. E este ano, Sr. Presidente, Srs. Vereadores qual é a
desculpa que apresentam?
Srª.
Presidente da Assembleia Municipal,
Sr.
Presidente da Câmara Municipal e demais vereadores da maioria,
O
Grupo Municipal da CDU entende que este ano já há quem caia no engodo. Já não
pode hever desculpas esfarrapadas. Se o Sr. Presidente diz que não tem orgulho
no orçamento que apresenta, pois bem, apresente outro. Seja capaz de romper em
definitivo com o que de mau veio do passado. E não venha, novamente, com a
conversa dos parcos recursos finaceiros, ilustrados, segundo diz, na famosa
auditoria externa. Essa também já não pega. Quando vocês querem e decidem, o
dinheiro lá aparece. As prioridades é que estão trocadas.
Para o
Grupo Municipal da CDU, os documentos agora em análise traduzem o entendimento
e o posicionamento que os partidos que suportam esta maioria (PSD/ CDS) têm
acerca do exercício autárquico e do modo como o devem exercer. Um entendimento
sobre a gestão autárquica que não tem o centro da sua atuação os princípios e
os primados de uma gestão democrática e participada, a salvaguarda inalienável
do serviço público municipal prestado às populações na área das competências do
poder local, mas antes um entendimento que o poder local se deve substituir ao
poder central, assumindo as competências e as áreas de intervenção deste.
Estamos
pois, perante um orçamento e um plano que, na verdade, segue a linha política
do passado. Um orçamento e um plano que optam pela continuidade e não pela
rutura prometida.
As
opções de Plano para 2015 estão, como atrás dizíamos, pejadas de intenções, mas
que não passam disso mesmo. Pois se cruzarmos estas opções de plano com a
proposta de orçamento percebemos melhor o que acabamos de afirmar.
Este
orçamento prossegue e agudiza a política de cortes no investimento. Cortes na
educação, na cultura e no ordenamento do território. Redução brutal do
investimento público. Corte também nas transferências para as freguesias do
concelho.
A
análise do PPI – Plano Plurianual de Investimento - é aflitiva. O nível de
investimento continua a ser residual. O investimento em Braga é praticamente
nulo. Vejamos então alguns exemplos:
Funções
Sociais têm uma taxa de crescimento negativo, ou seja, crescerão menos 61,28%
Na Educação a taxa de crescimento é negativa (– 92,94%), a Habitação e serviços
coletivos têm (– 50,11%), muito contribuindo para este decréscimo o corte na proteção do meio ambiente e
conservação da natureza ( - 72,40%), no ordenamento do território (- 28,96%) e
na habitação (-11,41%). Os Serviços
culturais, recreativos e religiosos têm (- 13,20%) sendo que a cultura tem um
corte de mais de 90% e o desporto, lazer, pese embora toda a propaganda em
torno da valorização e reforço desta área, tem um decréscimo de mais de 9,9%.
Mas, os cortes não ficam por aqui e atingem também a segurança e ordem
públicas, nomeadamente na rubrica polícia municipal com uma taxa de crescimento
de (-75%), ou seja, em termos de plano plurianual de investimentos a polícia
municipal, em 2015, apenas receberá 25 mil euros.
Quando as famílias
continuam e vão continuar a passar por enormes dificuldades e privações por
força das medidas aplicadas pelo Governo PSD-CDS/PP devido à perpetuação de
medidas que diziam ser temporárias - cortes nos salários, nas pensões – elevada
taxa de desemprego. Assim como as empresas do concelho passam por dificuldades,
o que era expectável era que a gestão municipal fizesse uma aposta no
investimento e o que constatamos é exatamente o contrário. Para além disso,
aumenta o peso dos impostos na globalidade das receitas do município em 3%.
O Sr. Presidente, perante
tais opções, continua a desculpar-se com a situação financeira que encontrou no
município, com a existência de investimentos e encargos já assumidos pelo
anterior executivo.
Mas, Sr. Presidente, Srs.
Deputados, o Grupo Municipal da CDU não o aceitou no passado estas desculpas, e
continua a não aceitá-las.
Dizemo-lo, mais uma vez, a
coligação de direita - PSD/CDS - tinha outras opções, tinha outros caminhos,
mas não quis, optou por não desbravar esse caminho e continuar a mesma
política, com o mesmo rumo que foi seguido durante 37 anos.
Diz-se
também que o orçamento está condicionado com as quebras das verbas transferidas
da administração central (leia-se governo) previstas para 2015, menos 6,3
milhões de euros do que o previsto em 2014.
Mas, não é só confrangedor
o PPI, quando tentamos fazer a correspondência entre o Orçamento apresentado e
as Opções de Plano a perplexidade é total. É que não há qualquer
correspondência entre um e outro documento, como os exemplos abaixo ilustram,
vejamos o que é dito no capítulo “Novas prioridades e realidades”
- No
domínio do ambiente- “o
Município de Braga prosseguirá com o seu empenho na expansão e modernização das
infraestruturas ambientais, na valorização dos espaços verdes e na promoção da
educação ambiental da população”. E, qual os montantes afetos a estas áreas? Como já aqui foi dito, são
insignificantes.
- Cultura- “ A
cultura é uma área de primordial relevo para a afirmação regional e
internacional do município de Braga. (…) a cultura não pode ser alvo de
menosprezo ou discriminação no que concerne ao investimento público.” E,
onde está esse investimento público?
Srs. Membros da Assembleia Municipal, não há
investimento público, o que há é uma apropriação por parte da Câmara Municipal
do trabalho que as associações, a dita sociedade civil faz e desenvolve! Para
além disto, o que há são promessas!!!!!
- Educação – por detrás de um discurso elogioso
da importância da educação e do reforço da educação, o que constatamos é que o
executivo municipal, à semelhança do que sucede com o governo, denota uma
valorização da educação / escola privada. Este privilegiar da escola privada e
das instituições de educação privada vai ao ponto de, apesar de ter um pelouro
cuja finalidade é estabelecer e estreitar a relação com a universidade do
Minho, escolhe como parceiro para a elaboração da carta educativa não a Universidade
Pública mas uma instituição particular.
O executivo municipal decidiu ainda intervir na
área da promoção da natalidade, para tal vai implementar uma medida – Nosso
Enxoval- percebemos o carácter bondoso da medida.
No entanto, a promoção da natalidade não se faz
dando às famílias um cabaz de bens essenciais para o bebé. A promoção da
natalidade faz-se com políticas de promoção de emprego, de emprego com
direitos, com a estabilidade dos vínculos e não com políticas que destroem o
emprego, que fomentam a precariedade e os baixos salários, de que são exemplo
os mais de 150 trabalhadores do universo municipal ao abrigo de contratos
emprego-inserção.
Sr. Presidente, Srs.
vereadores, somos favoráveis ao estabelecimento de parcerias, do trabalho de
cooperação com as instituições, mas este tipo de estratégias não podem servir
para que seja o município a assumir responsabilidades que compete à
administração central, falamos concretamente da saúde, e do programa que o
município diz que vai iniciar em termos de saúde oral. Mas não só, o
investimento e o incentivo à economia é da responsabilidade do estado central
ou ainda da coordenação de políticas de emprego e inserção profissional.
São muitas e profundas as
nossas divergências com as opções de plano e orçamento apresentadas pelo
executivo municipal e que ficaram bem patentes com o que atrás acabamos de
enunciar.
O poder local constitui
sem dúvida um espaço privilegiado de resolução de problemas, mas também de
afirmação de direitos e de defesa dos interesses e aspirações populares, não é
essa avaliação que fazemos destes documentos nem da ação desta maioria.
É, pois, por tudo o que
acabamos de dizer, e por que defendemos outro rumo e outro tipo de gestão
autárquica que o Grupo Municipal da CDU votará contra as Opções do Plano e o Orçamento para 2015.
Assembleia
Municipal de Braga, 12 de dezembro de 2014
O
Grupo Municipal da CDU