segunda-feira, 8 de junho de 2020

PCP defende Feira do Livro nas ruas de Braga

A pretexto da minimização do risco de propagação da pandemia de Covid-19, a Câmara Municipal de Braga decidiu que a edição de 2020 da Feira do Livro de Braga se realizará integralmente em ambiente digital. Esta opção, a coberto de uma legítima preocupação com a saúde pública, merece do PCP as seguintes considerações.

A Feira do Livro de Braga realiza-se ao ar livre, na via pública, em ruas com dimensão suficiente para permitir o necessário distanciamento entre expositores, bem como a circulação de público com a garantia de cumprimento do ajustado distanciamento físico.

Os agentes participantes na Feira do Livro dispõem anualmente de um módulo expositor próprio, individual, no qual seria possível garantir o cumprimento de todas as regras sanitárias determinadas pelas autoridades de saúde relativas à Covid-19.

Registe-se também que está já confirmada a realização das Feiras do Livro do Porto e de Lisboa, eventos de uma dimensão muito superior à Feira do Livro de Braga e com muitos mais milhares de participantes. 

Não se compreende pois a decisão de cancelamento da presença dos livreiros nas ruas de Braga, quando o município dispõe de todos os meios para garantir a segurança de todos os intervenientes. Principalmente, quando hoje, mais do que nunca, se justificam medidas de apoio a este sector cultural, depois de mais de dois meses com a sua actividade suspensa e de portas fechadas.

Esta decisão da Câmara Municipal de Braga é ainda mais incompreensível num contexto em que a própria é promotora de outros eventos na via pública, tais como as feiras e mercados, nas quais são cumpridas todas as regras sanitárias, pelo que seria suficiente para se realizar a Feira do Livro nos mesmos moldes e condições.

Da mesma forma, o recente anúncio de que a Câmara Municipal de Braga licenciou a presença de comerciantes na Ponte de São João - o que não nos merece qualquer oposição - no âmbito da programação das festas de São João deste ano, vem evidenciar uma postura incoerente por parte da maioria PSD/CDS no executivo municipal.

O PCP afirma por isso que, ainda que a programação cultural da Feira do Livro deste ano pudesse ser ajustada às condicionantes impostas pela pandemia, evitando grandes aglomerações em ambientes fechados, nada justifica que os livreiros, alfarrabistas e editoras não possam voltar ao contacto com o público nas ruas de Braga, tal como acontece todos os anos.