A CDU voltou a levar à reunião de Câmara da passada terça-feira uma proposta para revisão do regulamento do Mercado Municipal. Depois de contactar com os trabalhadores do Mercado, conseguiu reunir 53 assinaturas de oposição à obrigatoriedade de permanência das 7h00 às 17h00, de segunda a sábado, nas bancas do espaço requalificado.
Sensível às queixas dos trabalhadores do mercado, sendo que muitos ponderam desistir da banca que têm há anos no Mercado Municipal de Braga, a CDU insistiu na reversão do horário que a maioria municipal pretende aplicar. "Ao contrário do que nos têm dito, a verdade é que não são apenas dois ou três os descontentes com este regulamento", explica o vereador da CDU, Carlos Almeida. "Só no passado sábado de manhã, reunimos 53 assinaturas de comerciantes que, ou desistiram já das suas bancas por não conseguirem garantir os novos horários, ou temem acabar por desistir em poucas semanas depois do regresso ao mercado requalificado", acrescentou.
Fruto da especificidade desta actividade profissional, muitos dos comerciantes não conseguirão conciliar o horário imposto - das 07h00 às 17h00, de segunda a sexta, e sábado de manhã - com o tempo dedicado às suas produções. As queixas passam também pela falta de clientes regulares que exijam uma presença diária no espaço do mercado, opinião que se opõe frontalmente à da vereadora do pelouro, que vê na aplicação deste horário a forma de fidelizar clientes ao Mercado.
Carlos Almeida alertou mais uma vez a maioria no executivo municipal que, tendo em conta o número de desistências e de comerciantes que, ainda que dispostos a experimentar este horário, admitem estar muito pessimistas quanto à possibilidade de se manterem no mercado a longo prazo, "o Mercado Municipal poderá abrir reduzido a meia dúzia de bancas regulares e sem grande parte dos seus comerciantes habituais". Para a CDU, a opção de "insistência num modelo de mercado que desvirtua as raízes populares e a actividade própria desta sector" e que irá, com o tempo, "substituir estes produtores por intermediário, é um tremendo erro".
Por outro lado, o vereador comunista criticou a subida das rendas dos espaços a alugar pelos comerciantes, em particular a da zona dos talhos. "O Mercado Municipal carecia de uma requalificação urgente, desde logo para dar melhores condições de trabalho a estes comerciantes, no entanto não nos parece justo que os custos para continuar a exercer a sua profissão sejam, agora, maiores", observou Carlos Almeida. E acrescentou: "tememos que o que era uma necessidade urgente para o concelho de Braga se transforme num pesadelo para os trabalhadores do mercado e para a população".